sábado, 29 de dezembro de 2012

Carrega-me contigo, Pássaro-Poesia
Quando cruzares o Amanhã, a luz, o impossível
Porque de barro e palha tem sido esta viagem
Que faço a sós comigo. Isenta de traçado
Ou de complicada geografia, sem nenhuma bagagem
Hei de levar apenas a vertigem e a fé:
Para teu corpo de luz, dois fardos breves.
Deixarei palavras e cantigas. E movediças
Embaçadas vias de Ilusão.
Não cantei cotidianos. Só cantei a ti
Pássaro-Poesia
E a paisagem-limite: o fosso, o extremo
A convulsão do Homem.
Carrega-me contigo.
No Amanhã.


Hilda Hilst

 

PS - Tomei coragem e trouxe um pouco de Hilda Hilst para meu blog. Por motivos pessoais, por muito tempo resisti. Não queria insinuar nada, não queria recordar nada. Mas ela é maravilhosa e, independente de qualquer coisa, me sinto tocada por suas palavras. Seria um desperdício ler tanta coisa bonita e não trazer nada para este meu cantinho. Admito - na verdade, nunca neguei- e admiro sua genialidade.

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