sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Solidão que inspira


Mas - mas era uma tarde de maio e o ar fresco era uma flor aberta com seu perfume. Assim achou que era maravilhoso e inusitado ficar de pé na rua - ao vento que mexia com os seus cabelos. Não se lembrava quando fora a última vez que estava sozinha consigo mesma. Talvez nunca. Sempre era ela - com os outros, e nesses outros ela se refletia e os outros refletiam-se nela. Nada era - era puro, pensou sem se entender.

(...)

"Eu sou uma chama  acesa! E rebrilho e rebrilho toda essa escuridão!"

Clarice Lispector in A bela e a fera ou A ferida grande demais



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